Há
algumas semanas iniciei um curso sobre “Transtornos e Dificuldades de
Aprendizagem” e, entre tantas informações fantásticas, uma em especial insiste
em não sair da minha cabeça. A fala em questão foi da professora que ministrava
a aula inaugural do curso, Dra. Adriana Costa, Fonoaudióloga e Psicopedagoga,
que explanava sobre o caminho da competência. A professora relatou que, segundo
estudos, para dominar uma competência, isto é, para atingir a excelência, são
indispensáveis três requisitos: muito tempo, apoio e compromisso sustentado com
a tarefa. Na sequência ela detalhou cada um desses requisitos: muito tempo significa um domínio de dez
anos (vale lembrar que estes três requisitos referem-se a qualquer área do
conhecimento); apoio refere-se aos facilitadores deste estudo podendo ser pais,
professores, tutores ou orientadores; compromisso
sustentado com a tarefa quer dizer que o aprendiz deve comprometer-se com a
atividade buscando alcançar a melhor execução possível, o aprendiz deve ser
sujeito participante ativo de sua aprendizagem.
Por
que essas informações não saem da minha cabeça? Porque elas encaixam-se
perfeitamente no cenário atual da Dança do Ventre. Relacionando esse estudo com
a dança podemos concluir que para uma bailarina ser competente, ou seja,
atingir a excelência, é necessário ter boas professoras, muito tempo de estudo
e compromisso com sua aprendizagem. Estudo significa ler, pesquisar, fazer
aulas, cursos, não somente receber informações, mas apropriar-se delas
transformando-as em conhecimento. Compromisso significa dedicação, suor,
energia naquilo que se faz. Boa professora é um conceito difícil de definir,
mas gosto de uma citação de João Guimarães Rosa que pode suscitar nas leitoras
algumas reflexões para ajudar na sua própria construção da definição:
“Mestre
não é quem sempre ensina, mas quem de repente aprende”.
Em
síntese, não existe fórmula mágica para alcançar a excelência (por mais que
muitos estabelecimentos erroneamente denominados “escolas” tentem vendê-la). O
que existe é um caminho árduo que exige determinação, energia, supervisão e
atenção por parte das bailarinas. A maioria desiste antes de chegar na metade
do caminho (quantas bailarinas você conhece com mais de dez anos de
experiência?), mas as que persistem na caminhada encontram o seu lugar ao sol e
entendem que, na verdade, a caminhada mal começou.
Seher Azah

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